sábado, setembro 12, 2009

Câncer

“Estava me policiando há tempos, pensando se deveria escrever sobre tal assunto, mas acabei percebendo que inevitavelmente devo me enveredar na construção de um texto sobre o que destrói um ser humano.

O câncer é a doença mais desgraçada, destruidora, desumana, desesperadora, infeliz, detestável, horrível, insuportável e FDP que já ví e ouvi falar. É a pior doença da qual tenho conhecimento.

Doenças costumam possuir alguma cura, algumas doenças costumam possuir cuidado, algumas costumam possuir um remédio capaz de controlá-la e até mesmo extingui-la.
O câncer é uma doença ingrata que muitas vezes reaparece quando tudo parecia resolvido. É uma doença que atinge algum órgão e quase sempre tal órgão fica tão comprometido que deve ser retirado, em partes ou inteiro, ai depois de algum tempo, a desgramada reaparece em outro lugar.
O câncer é uma doença que possui um tratamento extremamente desgastante, e que muitas vezes destrói tanto que só adia um pouco o que a doença já intencionava. O câncer é uma doença violenta que pode acabar rápido ou demoradamente com um corpo aparentemente saudável. O câncer é uma doença covarde que não escolhe crença, classe, cor, sexo, idade. É uma doença que não diferencia ninguém. Existe a possibilidade de cura ou de controle, mas casos assim constituem uma minoria extravagantemente inferior.

Tal doença pode até ser caracterizada como algo hereditário, psicológico (que afeta o sentimental, o emocional), mas acredito também que seja uma doença que pode afetar a todos, sem um prognóstico já pré definido. Desde que nascemos estamos "morrendo", dia após dia nosso corpo sofre com o tempo, nossas células morrem. Tal característica pode ser observada como um câncer que transforma, que destrói nosso corpo.

Durante o tratamento dessa doença, o corpo é bombardeado por tipos de radiação, drogas, terapias que o maltratam de forma bem drástica.

Sensação de impotência, sensação de incapacidade, sensação de constrangimento, sensação de desconforto, sensação de revolta, cercam a todos envolvidos. A revolta é uma sensação que molda muitas vezes a personalidade de pessoas próximas aos doentes ou até mesmo dos próprios doentes. Como esse texto se trata de uma opinião pessoal e particular, vou tratar de duas sensações. Revolta e impotência.

Acredito que tal texto possa transparecer mesmo um sentimento de revolta, mas o caso é que tal sentimento é devido a um motivo que me deixa extremamente triste. Meu pai tem câncer.

Meu pai foi diagnosticado com mieloma múltiplo há 5 anos e desde então houveram melhoras e pioras, indas e vindas ao hospital. Hoje ele está internado em um situação extremamente delicada. O câncer destruiu a parte dos ossos que constituem a cintura, um tumor foi encontrado pressionando o pulmão e até líquido se instalando próximo a pleura já foi drenado algumas vezes (1litro e meio e até 3 litros já foram drenados, entre o máximo e o mínimo). Seu corpo já está bem debilitado e com a baixa oxigenação ocasionada pelo mal funcionamento do pulmão, delírios tem acontecido e a cada semana ele parece pior. Melhoras aparentavam acontecer, mas de uma hora para outra aparece um sintoma que prejudica o que parecia uma evolução.

Há algumas semanas ele passou a tratar uma dor que sente na região lombar, passou a não conseguir mais ficar em pé e agora só fica deitado. O remédio para a doença tinha voltado a ser tomado depois de que os médicos começaram a controlar a tal dor, mas mesmo assim isso não tem sido 100%, caso que agora já não toma mais nada.

Ficar ao lado de uma pessoa que sempre foi exemplo, que sempre foi referência, no momento em que ela está debilitada e dependente, cria uma sensação de impotência, e revolta. Não saber o que fazer para ajudar a melhorar, deixa esse caboclo que vos fala, estressamente impotente.

Há tempos o câncer mata pessoas e mais pessoas no mundo inteiro, indiscriminadamente. Não importa se há dinheiro envolvido. Ainda não existe uma cura que, eficazmente, acabe com esse mal insuportável. Existem alguns tipos de cânceres que até conseguem ser controlados, o que significa uma vida inteira de vigilância e medicação.

Casos onde a cura acontece verdadeiramente, podem ser chamados de milagres e isso só pela graça de DEUS. Só quando DEUS interfere é que esse mal acaba de vez e é erradicado. O homem ainda não descobriu como lutar contra tal enfermidade e talvez tal incapacidade pode ser por uma maior falta de compromisso e dedicação, para com DEUS e para com a busca pela cura.

Tenho que escrever também o quanto a ajuda de familiares e amigos fazem extremamente bem e o quanto nos faz crer em um Deus do impossível. Acreditar que tudo tem um propósito, que tudo pode acontecer da forma que não queremos ou que queremos, dependendo da intenção de Deus para com cada um de nós.

Deus tem mostrado certos indícios de que preciso me dedicar mais à Ele, de que preciso de uma crença mais temerosa e confiante. Tenho que confessar que minha crença está meio que em débito. Tenho que confessar que mesmo quando falo sobre Ele, não devo estar falando de coração totalmente dedicado. Amigos/Irmãos tem me mostrado o quando tenho que confiar mais Nele, o quanto tenho que me dedicar mais à Ele, o quanto tenho que depender mais Dele. Uma pessoa em especial tem me apresentado um Deus que há muito tenho deixado de lado.

Maravilhosamente, meu pai aparenta uma força dedicada a viver que me deixa mais fã dele. Não sei como está a saúde dele comprometida pela doença. Os médicos já dizem que devemos estar preparados pois nada mais há o que fazer. Só sei que ele quase não acordou em um dia e no dia seguinte toda a confusão mental pareceu melhorar, sei a cada dia, volta a perder cada vez mais o senso de realidade e agora até parece que não está mais aqui. Sei que seu olhar fica perdido no ar e que gostaria muito de que ele me visse e à minhas irmãs e minha mãe.

Acredito que Deus tenha um propósito para isso que está acontecendo. Não posso afirmar se meu pai melhora, ainda não posso afirmar que Deus vai reviver meu pai. Mas agora tenho acreditado que só um milagre pode mesmo acontecer e que somente Deus pode levar meu pai ou curá-lo. Dia após dia meu pai luta por mais um sopro de vida. Não temos a confirmação de sua ida, pois chega a noite com o aviso de ser o último dia, mas a manhã chega e seus olhos abrem”.

Bom, tal texto foi totalmente escrito até um dia antes da confirmação da partida de pai. Hoje, dia 12 de setembro de 2009 às 16:11 escrevo que pai descansou depois de ter sofrido muito nessa batalha injusta contra uma doença injusta.
Pai morreu na quinta feira, dia 10 de setembro por volta das 17:15. Deus o levou para poder agora desfrutar da imortalidade que é a vida eterna. Durante três dias sofremos vendo-o agonizar e lutar pela vida. Seu sofrimento parecia evidente pelo esforço que fazia para continuar a respirar, com apenas um pulmão, mas o ar não mais era suficiente e sua agonia parecia ainda maior. Seus olhos, quando abertos, não enxergavam mais nada e diversas vezes ele ficava agitado e por causa dos efeitos dos remédios que já interferiam em sua consciência, tentava tirar o acesso do soro ou a máscara de oxigênio.
Depois de se despedir da gente e nos abraçar fortemente, ele passou mais meio dia entre a realidade e a confusão mental e então entrou em coma.
Hoje agradeço a Deus por poupar a todos pelo sofrimento e muito mais por descansar meu pai da dor.

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